sábado, 24 de outubro de 2009

Valorização das cobertura de Estufas


Durante as passadas três décadas, o uso de filmes de polietileno como coberturas de estufas aumentou dramaticamente nos países desenvolvidos, nalguns casos chegando a duplicar. Temos em Portugal o exemplo do concelho de Torres Vedras onde existem 1.995 explorações agrícolas que exploram uma área de 1.674 hectares, dos quais 300 são de hortícolas em estufa.

Cada hectare de estufa usa cerca de 4 toneladas de plástico. Geralmente estes plásticos são renovados num espaço de tempo 1 e 3 anos, dependendo das condições climatéricas em especial, o que representa cerca de 400 toneladas de plástico.


O Polietileno de Baixa Densidade (PEBD) é um produto derivado da Nafta, e é o material mais empregado na cobertura dos túneis e estufas e é quimicamente o polímero mais simples. Basicamente, é formado pela abertura da dupla cadeia de moléculas de etileno e da sua união em cadeias lineares ou ramificadas. Os produtos de alta densidade (PEAD) tem maioritariamente cadeias lineares, enquanto os produtos de baixa densidade (PEBD) tem um elevado grau de ramificação.

Estas películas de plástico de estufa estão sujeitos à degradação devido à exposição à radiação solar. A degradação é ainda acelerada pelo absorção de produtos químicos utilizados durante o cultivo.

A acrescentar ao já grande problema da grande quantidade de resíduos provocados por estas coberturas, junta-se também o factor da sua difícil eliminação.

Não descurando o seu perigo ambiental, em particular quando em grandes quantidades, estes pedaços de filme plástico podem também matar gado, que o come enquanto pastoreia, acabando por sufocar.

Sabendo que, actualmente, grande parte dos resíduos plásticos tem como destino final a deposição em aterro sanitário ou incineração, contrariando os objectivos do desenvolvimento sustentável, é importante estudar alternativas a estas más soluções, nomeadamente a sua reciclagem.

Os resíduos industriais são, de acordo com o DL n.º 178/2006, de 5 de Setembro, “os resíduos gerados em processos produtivos industriais, bem como os que resultem das actividades de produção e distribuição de electricidade, gás e água”.

A reciclagem dos resíduos plásticos considera como opções disponíveis para valorização de polímeros, a reciclagem mecânica, a reciclagem química e a valorização energética.

A reciclagem mecânica baseia-se nos princípios físicos de trituração, aquecimento e extorsão para transformar os plásticos em novos produtos. Por sua vez, a reciclagem química baseia-se em processos químicos para converter resíduos em produtos úteis, como monómeros, utilizados na produção de novos plásticos, combustíveis ou produtos químicos básicos utilizados na produção química.

A terceira opção de reciclagem, a valorização energética permite gerar calor e/ou electricidade por incineração directa dos polímeros, por exemplo, em incineradores municipais dedicados (RSU) ou por substituição de outros combustíveis, como fornos a altas temperaturas em industrias, em fornos de cimenteiras ou centrais termoeléctricas.



A identificação dos plásticos ocorre primeiramente nas unidades de triagem dos centros de recepção de resíduos, através de técnicas expeditas. Em Portugal, a identificação e realizada com base no artigo 8o da Directiva n.º 94/62/CE. Para fins de reciclagem, a correcta identificação dos plásticos é muito importante. Desta forma, existem diversas técnicas avançadas que permitem uma rápida identificação dos polímeros, como o exemplo da espectroscopia.

Para além da reciclagem, vão ser também analisadas novas alternativas a estes filmes convencionais. O aparecimento no mercado de um tipo cobertura plástica que tem uma durabilidade muito superior ao polietileno vulgar ou também, o uso de coberturas feitas de um material biodegradável, uma inovação que revolucionaria a realidade do mundo das estufas!



5 comentários:

  1. Achei o artigo muito completo e esclarecedor, realmente é bom relembrar a complexidade do material plástico usado nas estufas. A última foto está muito gira, bela paisagem.

    ResponderEliminar
  2. Sinceramente nunca tinha reflectido muito sobre esta temática e na minha opinião o facto do teu trabalho ser sobre este assunto é muito enriquecedor pode ajuda-nos a expandir os nossos conhecimentos. Bom tema!

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pelos vossos comentários ;)

    E sim Ana, foi mesmo por ser um tema muitas vezes esquecido, que resolvi abordalo, tendo já em conta que muitos dos procedimentos usados para este tipo de plástico, podem ser usados na grande maioria dos plásticos que usamos no nosso dia a dia!

    ResponderEliminar
  4. Bom post, bastante completo. No Brasil, na região de Holambra-SP, dentre outras, também é muito utilizado o cultivo em estufas. Sem dúvidas deve-se aproveitar esse resíduo visto que a sua proudção é em grande volume e constante, o ideal seria não só o uso energético, mas também uma possível segunda utilização agronômica, considerando que a cobertura seja a primeira.

    ResponderEliminar
  5. Gostei bastante do teu artigo, conseguiste uma síntese bastante completa e soubeste dar ênfase à valorização deste resíduo que, como já disseram, por vezes é esquecido.

    ResponderEliminar